domingo, julho 03, 2011

Tocando em Frente...

Sei lá, mas hoje tô me sentindo totalmente essa música...


Ando devagar porque já tive pressa

E levo esse sorriso porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte mais feliz, quem sabe

Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei

Ou nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs

O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar

É preciso paz pra poder sorrir

É preciso chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente


Compreender a marcha e ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro levando a boiada

Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu sou

Estrada eu vou

Conhecer as manhas e as manhãs

O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar

É preciso paz pra poder sorrir

É preciso chuva para florir

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora


Um dia a gente chega no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história

E cada ser em si carrega o dom de ser capaz

E ser feliz...



domingo, maio 22, 2011

Vento Ventania...

Às vezes não é preciso ser íntimo para gostar de alguém. Muito pelo contrário, tem muita gente que tem intimidade demais e é uma droga!. Outras vezes, a gente gosta de alguém porque outro amigo nosso tem mais intimidade com esse alguém e que, de tanto e sempre nos falar sobre ele e trazer sempre consigo os melhores momentos de suas vivências, nós acabamos também assumindo essa amizade, se identificando com ela, “comprando” ela. O respeito e a admiração acabam sendo cultivados como se fossem nossos os laços criados. E era assim com ele. Na verdade, quase nunca tínhamos contato. Só nos encontrávamos em eventos, digamos assim. Mais precisamente nos aniversários do Arlei ou do Márcio, esses, mais íntimos, pela freqüência das conversas e dos momentos de presenças. Assim, nessas ocasiões, o André era sempre lembrado, comentado, como parte de nosso encontro, como integrante daquele momento de amigo querido ,tal  como se ali estivesse. As várias versões que ele sempre tinha para qualquer acontecimento, a alegria ao reencontrar os amigos, a conversa fluente e sempre animada, cheia de ilustrações e exemplos, as relembranças das situações passadas que sempre vinham ilustrar as recordações nas rodinhas de conversas, naqueles encontros de aniversários.... O jeito, a maneira de chegar e permanecer entre nós...De tudo isso, vai sempre ficar a lembrança, boa e gostosa de alguém muito especial que viveu entre nós e fez parte de nossas efêmeras vidas....com a sua alegria e jeito de ser, incomparáveis....e que partiu primeiro. Ontem, foi um dia muito triste, mais uma vez, pra mim.
O dia fatídico e inevitável de uma despedida tão precoce, como se tivesse sido, realmente, uma grande “ventania” na nossa existência....
E hoje, é mais um começo, do recomeço de quem fica...
Essa é a minha versão dessa história. Com certeza, o André deve ter outras tantas...


E essa essa letra de música é uma singela homenagem à tua cara amizade que sempre estará presente nos nossos dias.

Vento Ventania



Biquini Cavadão


Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê....


Vento, ventania


Me leve para


As bordas do céu


Pois vou puxar


As barbas de Deus


Vento, ventania


Me leve prá onde


Nasce a chuva


Prá lá de onde


O vento faz a curva...


Me deixe cavalgar


Nos seus desatinos


Nas revoadas


Redemoinhos...



Vento, ventania


Me leve sem destino


Quero juntar-me a você


E carregar


Os balões pro mar


Quero enrolar


As pipas nos fios


Mandar meus beijos


Pelo ar...



Vento, ventania


Me leve prá qualquer lugar


Me leve para


Qualquer canto do mundo


Ásia, europa, américa...






Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê....






Vento, ventania


Me leve para


As bordas do céu


Pois vou puxar


As barbas de Deus...


Vento, ventania


Me leve para


Os quatro cantos do mundo


Me leve prá qualquer lugar


Hum! Me deixe cavalgar


Nos seus desatinos


Nas revoadas


Redemoinhos...


Vento, ventania


Me leve sem destino


Quero mover


As pás dos moinhos


E abrandar o calor do sol


Quero emaranhar


O cabelo da menina


Mandar meus beijos pelo ar...



Vento, ventania


Me leve prá qualquer lugar


Me leve para


Qualquer canto do mundo


Ásia, europa, américa...






Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê....






Me deixe cavalgar


Nos seus desatinos


Nas revoadas


Redemoinhos


Vento, ventania


Me leve sem destino


Quero juntar-me a você


E carregar os balões pro mar


Quero enrolar as pipas nos fios


Mandar meus beijos pelo ar


Vento, ventania


Agora que estou solto na vida


Me leve prá qualquer lugar


Me leve mas não me faça voltar...


Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê....


Me leve mas não me faça voltar...

domingo, março 27, 2011

"COMO ÉRAMOS ELISES"

É , o mês de Março é o mês das mulheres, com certeza. Dia 17 de março de 2011, Elis Regina faria 66 anos. Maravilhosa, como sempre, certamente brilharia imponente entre nós, nesse mundo cruel, dizendo as verdades que muita gente precisaria ouvir. Às vezes, fico pensando como seria sua fisionomia nesse tempo de agora. São reflexões que mexem com nossos sentidos e esperanças mais ínimas. Nossos medos, digamos assim. O medo de envelhecer. Um parâmetro, como esse, podemos ver observando outra mulher fantástica que viveu, essa sim, todos os seus estágios.
Simone de Beauvoir, escritora e filósofa, e eterna também, viveu além de Sartre, seu grande amor,  e pode vivenciar as experiências dos derradeiros momentos. Não sei se é bom ou ruim, nem era esse o meu interesse em começar esse post. Nem era esse o foco, deixar mais triste, em reflexões verdadeiras nossas mulheres maravilhosas. Mas saiu, assim, de repente e então paciência, divido com vocês meus dramas mais íntimos sobre o inevitável amanhã. Mas a minha intenção mesmo é lembrar esses dois ícones, que pra mim são mais do que emblemáticos. Cada qual no seu tempo, que teve, e na sua imagem que nos deixou. 


Compartilho, assim, essas imagens e as minhas impressões. Pelo lindo sorriso nos dois momentos de Simone, parece nos mostrar que também é possível e interessante aproveitar todos os estágios do existir. Por outro lado, às vezes fico refletindo que talvez exista  uma certa vantagem de ter ido tão cedo, como a Elis.  A sua imagem será sempre aquela, jovem, linda. O nosso sonho, da eterna juventude. Mas, viagens à parte, óbvio, seria fantásticamente maravilhoso se ela aqui estivesse. Não é o caso e somente com suas imagens e voz podemos nos contentar e sobreviver debaixo desse sol de nossa efêmera existênci

a, ainda, de nossa parte, resistente.

Essa foto( e a primeira lá em cima)  é do fotógrafo Paulo Kawall, que durante alguns anos, de 1976 a 1982, foi o fotógrafo de Elis. Agora, juntamente com outros projetos para o ano de 2012, quando será lembrado os 30 anos de morte da Elis,  eles pretenderão lançar diversos trabalhos em sua homenagem. Um álbum com essas fotos inéditas, um vídeo, documentário com o nome do título que inicia esse post e que achei fantástico: “ Como éramos Elises”, de seis horas de duração, além de exposição, biografia e shows da filha de Elis, Maria Rita, por cinco cidades do País e que , assim, comporão um projeto maior, chamado Redescobrindo Elis. Eu, na verdade, também redescobri Elis. Descobri Simone, quando li a biografia dela e do Jean Paul Sartre, Téte-a-Tète,  e aprendi a amar as duas e a não esquecê-las jamais. Assim, nesse mês de março que já se vai, com as águas, que não só literalmente, mas verdadeiramente vem fechando o verão, vou deixando nesse ano de 2011 a minha singela homenagem e lembrança a todas as mulheres desse mundo, pela passagem do dia 8 de março. Homenagem a mulheres fortes, lutadoras, inteligentes, independentes e que fizeram a diferença nos deixando seu legado. Mirem-se nas mulheres de Atenas, ou nessas duas, apenas.
Fico, então, no aguardo e na expectativa desses lançamentos futuros.

Ler mais:


quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Tente outra vez a água da fonte...


Tente Outra vez



Raul Seixas


Veja!Não diga que a canção
Está perdida,Tenha em fé em Deus
Tenha fé na vida,Tente outra vez!...
Beba! (Beba!)Pois a água viva
Ainda tá na fonte
(Tente outra vez!)
Você tem dois pés
Para cruzar a ponte
Nada acabou!
Não! Não! Não!...
Oh! Oh! Oh! Oh!
Tente!
Levante sua mão sedenta
E recomece a andar
Não pense
Que a cabeça agüenta
Se você parar
Não! Não! Não!
Não! Não! Não!...
Há uma voz que canta
Uma voz que dança
Uma voz que gira
(Gira!)
Bailando no ar
Uh! Uh! Uh!...
Queira! (Queira!)
Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Vai!
Tente outra vez!
Humrum!...
Tente! (Tente!)
E não diga
Que a vitória está perdida
Se é de batalhas
Que se vive a vida
Han!
Tente outra vez!


Creio que essa música traduz o momento atual. O mês de fevereiro está chegando ao fim e as perspectivas de coisas novas e diferentes estão apenas começando. Um telegrama pode mudar uma vida. Algumas palavras podem mudar uma vida. Alguns instantes, um simples detalhe. Como já mencionei algumas vezes, uma frase ouvida de um grupo teatral de rua, o qual assistia numa tarde qualquer de tempos idos: “a vida cabe num detalhe. “ Pois desde o inicio do mês meus planos e caminhos tomaram rumos diversos. Mudança repentina, inesperada mas bem vinda. Fui nomeado num concurso público que havia feito em 2007/2008, quando nem tinha me formado ainda. Como foi prorrogado o período de validade, eles me acharam. Às pressas reformulei, mais uma vez, meu próprio destino. Afinal, eu creio mesmo nessa hipótese, de que somos donos dele mesmo. Havia perdido algumas esperanças e sonhos, talvez, mas não a crença. A crença em algo que nunca me abandonou ou que eu nunca abandonei. A educação. A noção, a idéia, o sonho de que a única solução, a única “salvação” para a humanidade esteja aí. Eu levantei a minha mão sedenta e recomecei a andar como diz a letra da música. Respirei fundo, fui sincero e desejei profundo. Me inspirei num cara que é o meu maior exemplo, que admiro e que respeito muito por tudo que faz e pelas forças que sempre me deu, meu amigo e colega César, entrevistado em postagem anterior(vale a pena ler!!! http://joaoclaudioam.blogspot.com/2010/11/entrevista-cesar-pereira-trajano-parte.html). Ainda e sempre, revisitei o mestre Paulo Freire, guia intelectual e profissional, assim como o professor Ubiratan D´Ambrósio, fonte inesgotável do saber matemático e educacional. Posso dizer,nesse caso, que também a esperança venceu o medo. Sigo confiante. Não sei se sorte ou destino.Tudo aconteceu assim, num de repente. Hoje acabo de vir da primeira reunião na escola na qual começarei a dar aulas no dia 28. Parece que tudo se encaixa. Ouvi os mestres numa apresentação de vídeo que ratificou as informações que eu já recebera. A proposta pedagógica, os colegas professores, a direção, todos andam num mesmo caminho, num mesmo rumo que se identifica com toda minha formação acadêmica e com tudo aquilo que eu acredito. E, uma das coisas interessantes que escutei foi num certo trecho, talvez um texto de outro mestre, Rubem Alves, não lembro, mas que dizia no final que deveria existir um 11º mandamento: “Alfabetizarás”.  Meio sem acreditar, por vezes, em tamanha mudança e apresentação dos fatos como tais, tão repentinamente e tão reais, sigo assim, tentando outra vez...


Um pouco de água da fonte...


Logo criado para camiseta usada no dia da minha formatura
 
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda".

"O homem, ser de relações, e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo"

"É porque eu amo o mundo que luto para que a justiça social venha antes da caridade"

"Somente o homem pode distanciar-se do objeto para admirá-lo."

"Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão."

"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".

"A educação modela as almas e recria os corações. Ela é a alavanca das mudanças sociais.”

"Não posso continuar sendo humano se faço desaparecer em mim a esperança"

''Não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes''

"Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha".

"O tempo que levamos dizendo que para haver alegria na escola é preciso primeiro mudar radicalmente o mundo é o tempo que perdemos para começar a inventar e a viver a alegria".

"...aprender não é um ato findo.Aprender é um exercício constante de renovação..."

"A amorosidade de que falo, o sonho pelo qual brigo e para cuja realização me preparo permanentemente, exigem em mim, na minha experiencia social, outra qualidade: a coragem de lutar ao lado da coragem de AMAR!!!"

Não é, porém, a esperança um cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero."

"Por isso a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma dádiva ou uma imposição, mas de dentro para fora, pelo próprio analfabeto e apenas com a colaboração do educador"."Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo; os homens educam-se entre si, mediados pelo mundo".

"A teoria sem a prática é puro verbalismo inoperante, a prática sem a teoria é um atavismo cego".

"O conhecimento exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer uma ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica em invenção e em reinvenção".

"Não nego a competência, por outro lado, de certos arrogantes,mas lamento neles a ausência de simplicidade que, não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente mais gente".

"A educação tem caráter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educando".

"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre"

segunda-feira, janeiro 03, 2011

DIA HISTÓRICO - COMANDANTE EM CHEFE-

“Meu Brasil!...

Que sonha com a volta

Do irmão do Henfil.

Com tanta gente que partiu

Num rabo de foguete

Chora!

A nossa Pátria

Mãe gentil

Choram Marias

E Clarisses

No solo do Brasil...

Mas sei, que uma dor

Assim pungente

Não há de ser inutilmente...”
“COMANDANTE EM CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS”.

A Presidenta Dilma passou, escoltada por um oficial do batalhão dos Dragões da Independência, em revista às tropas, diante do Parlamento. Para mim, entre tantas, esta foi a cena mais linda e emocionante  do dia. Emocionante, também, quando beijou a bandeira do nosso país. Dessa vez a escolta não era para os porões sujos de uma ditadura truculenta em tempos vividos, mas para ser reverenciada pelos seus antigos algozes daqueles tempos. As tropas, desse mesmo exército, que agora lhe presta continência, se rendem emblematicamente, à soberania e a ordem democrática que ela representa, ungida pelo povo e pelos ideais de liberdade e igualdade, outrora subtraídos por àquelas, com suas armas e autoritarismos bárbaros naqueles anos de chumbo. Eu chorei nessa hora, por captar e entender tamanha simbologia. Valeu estar vivo para assistir, “ao vivo” esse momento histórico. O mesmo, acredito, talvez tenha ocorrido com o ex-marido da Presidenta, Carlos Araújo, ex-deputado Estadual aqui do Sul, companheiro de luta daquelas épocas, assim como suas 11 ex-colegas de cela que estavam presentes nesse dia. Assisti, na sala aqui de casa com meu pai, ex sindicalista e amigo do Carlos Araújo, companheiro de lutas políticas e atividades sindicais, de quem cresci ouvindo histórias de presos políticos, “do Carlos e da Dilma que foram torturados na prisão”. Isso tudo tem tanta importância e é algo sem precedentes na nossa história. Quase algo inacreditável e ao mesmo tempo fantasticamente forte e real.

Para os jovens, que nasceram ontem e mesmo os que já são crescidinhos e tiveram pais alienados da história do nosso país ou que viveram do outro lado mais “cor de rosa” da vida, por motivos irrelevantes agora , mas que não tiveram e não tem a compreensão mais ampla do significado de uma repressão política num país, seria interessante  que soubessem o verdadeiro valor dos atores e protagonistas desses acontecimentos que inauguraram esse nosso ano de 2011. É preciso, sim,  que sempre lembremos daquelas coisas, justamente para que elas jamais voltem a acontecer um dia. Talvez os recém nascidos e outros nem tanto, não tenham conseguido sentir o significado de algumas palavras do discurso da Presidenta Dilma na ocasião de sua posse. Aqui, vai um trechinho exemplar para aqueles que não acompanharam ou dormiram nessa hora, assim como para uma juventude futura e órfão de história:
Entreguei minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas  a todos que ousamos enfrentar o arbítrio."
Naquela época, pra quem não sabe ou quer fazer de conta que não existiu, muitos foram os que não suportaram essas adversidades, as torturas, morais, psicológicas e físicas a que o Regime ditatorial de governar o país lançava mão, nos seus porcos porões,  a fim de dissuadir aqueles “rebeldes” , presos políticos, que simplesmente queriam um país melhor pra se viver e que pensavam diferente. Esses presos não eram bandidos, assassinos, ladrões...Eram jovens, como esses de hoje que (hoje) são alienados pela internet, Orkut, MSN, face book, twiters” da vida”, eram professores de história, sociólogos, intelectuais, sindicalistas, estudantes antenados, participantes, pensantes, pais de família, filhos de família, que ousavam enfrentar os desmandos e barbaridades do autoritarismo instalado. Cada um, da sua maneira, fez a sua parte para que hoje pudéssemos estar aqui, para que eu tivesse a LIBERDADE de estar escrevendo e postando esse texto e para que os leitores assim estivessem lendo, opinando, criticando ou concordando. E por ISSO eram perseguidos e presos e covardemente mortos.

Lembro agora de algo que eu li ou assisti em algum documentário, não sei ao certo, mas que foi algo que me chocou deveras quando tomei conhecimento e até hoje, por certo jamais vou conseguir esquecer, permanece na minha memória. Era sobre as torturas do regime militar na Argentina, se não me engano, mais ou menos nesse período em que toda a América Latina viveu sua experiência própria, e assim fiquei sabendo sobre uma modalidade típica de tortura realizada quando o preso iria ser “supostamente” transferido. Colocavam-no em um avião e quando chegava a uma certa altura da viagem, na maioria das vezes sobre o oceano,  eram arremessados lá de cima, após, obviamente, uma torturazinha psicológica,  para que “aprendessem a nadar”. Dessa forma que, simplesmente,  desapareceram tantas  e milhares e milhares de pessoas nesse período. As históricas “Mães da Plaza de Mayo” na Argentina, referendam essas lembranças. E, como para me deixar mais chocado ainda, tive há alguns anos atrás a ratificação de tamanha barbárie. Um relato pessoal que ouvi, de um senhor de mais de 70 anos, mais ou menos, que na qualidade de cliente do local onde eu trabalhava passou a me contar coisas dos seus tempos passados. Ex militar, ex-funcionário público, enfim, fazia um balanço da sua vida e de suas peripécias no mundo e, a certa altura, entusiasmado com a minha atenção, começou a sentir as tradicionais “saudades dos tempos dos militares” e me relatou, assim, “no seco”, ao vivo, sobre os “passeios aéreos” que eles realizavam com os presos ali, na baía de Guanabara, pra quem não sabe, no Rio de Janeiro, e que ele houvera, por muitas e muitas vezes participado. A minha atenção a esse idoso, típico “bom velhinho”, camarada, conversador para quem o olhasse assim, numa primeira vista, nunca mais foi a mesma. Felizmente, eu nunca mais precisei atendê-lo. Mas isso jamais vai sair da minha memória.
 
Por outro lado, posso dizer: “como a vida é bela”, e como o “mundo dá voltas”, como às vezes dizemos. Eu espero, profundamente, que hoje ele, “o bom velhinho”,  esteja bem vivo para ter tido a oportunidade de ter assistido a Presidenta Dilma em revista às tropas nesse dia primeiro do ano de 2011. E, assim como tem as coisas ruins, tem as boas. Eu jamais vou esquecer esse momento. Foi muito, muito mais do que uma simples simbologia. Foi uma vitória emblemática. Gosto dessa palavra, emblemática. Assim também como será inesquecível a emoção da Presidenta, ao discursar no Parlatório (imagem inimaginável), como chefe de uma nação, ao mencionar o trecho em que dedica aos companheiros que tombaram. E foram tantos os que tombaram...não só no Brasil, mas em toda  a America Latina que vivia sob o jugo de um general. À todos eles foi essa vitória, tenho certeza disso.
 
E por fim, uma música que me veio à memória, histórica e que poderia ter envolvido todo esse dia num fantástico show de encerramento. Talvez pudesse ter sido assim, mas não temos tudo nessa vida e , infelizmente, habita somente nas minhas intenções. “O Bêbado e a Equilibrista”, uma canção que combinava com esse momento, perfeitamente. Talvez, se a Elis estivesse viva poderia ter nos presenteado com sua interpretação nesse dia histórico....
 
Uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente...”
Uma profecia que fico até arrepiado de acreditar.
 
"A esperança... dança na corda bamba de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar...” .
E quanta gente se machucou...
 
"Azar, a ESPERANÇA equilibrista, sabe que o show de todo artista TEM QUE CONTINUAR...”
 
E, assim, mais uma vez...a Esperança venceu o medo....