sábado, agosto 28, 2010

Mais da mesma

Para quem não lê a revista Carta Capital aí vai uma sugestão.
Boa leitura e reflexão!
Dilma Rousseff e Marina Silva são diferentes, mas ambas apresentam densidade ética e compreensão da política a serviço do bem comum.

Por Leonardo Boff

Há uma feliz singularidade na atual disputa presidencial no Brasil: a presença de duas mulheres, Marina Silva e Dilma Rousseff. Elas são diferentes, cada qual com seu estilo próprio, mas ambas com indiscutível densidade ética e com uma compreensão da política como virtude a serviço do bem comum e não como técnica de conquista e uso do poder, geralmente, em benefício da própria vaidade ou de interesses elitistas que ainda predominam na democracia que herdamos.

Elas emergem num momento especial da história do país, da humanidade e do planeta Terra. Se pensarmos radicalmente e chegarmos à conclusão como chegaram notáveis cosmólogos e biólogos de que o sujeito principal das ações não somos nós mesmos, num antropocentrismo superficial, mas é a própria Terra, entendida como superorganismo vivo, carregado de propósito, Gaia e Grande Mãe, então diríamos que é a própria Terra que através destas duas mulheres nos está falando, conclamando e advertindo. Elas são a própria Terra que clama, a Terra que sente e que busca um novo equilíbrio.

Esse novo equilíbrio deverá passar pelas mulheres predominantemente e não pelos homens. Estes, depois de séculos de arrogância, estão mais interessados em garantir seus negócios do que salvar a vida e proteger o planeta. Os encontros internacionais mostram-nos despreparados para lidar com temas ligadas à vida e à preservação da Casa Comum. Nesse momento crucial de graves riscos, são invocados aqueles sujeitos históricos que estão, pela própria natureza, melhor apetrechados a assumirem missões e ações ligadas à preservação e ao cuidado da vida. São as mulheres e seus aliados: aqueles homens que tiverem integrado em si as virtudes do feminino. A evolução as fez profundamente ligadas aos processos geradores e cuidadores da vida. Elas são as pastoras da vida e os anjos da guarda dos valores derivados da dimensão da anima (do feminino na mulher e no homem) que são o cuidado, a reverência, a capacidade de captar, nos mínimos sinais, mensagens e sentidos, sensíveis aos valores espirituais como a doação, o amor incondicional, a renúncia em favor do outro e a abertura ao Sagrado.

O feminismo mundial trouxe uma crítica fundamental ao patriarcalismo que nos vem desde o neolítico. O patriarcado originou instituições que ainda moldam as sociedades mundiais como: a razão instrumental-analítica que separa natureza e ser humano e que levou à dominação sobre os processos da natureza de forma tão devastadora que se manifesta hoje pelo aquecimento global; criou o Estado e sua burocracia, mas organizado nos interesses dos homens; projetou um estilo de educação que reproduz e legitima o poder patriarcal; organizou exércitos e inaugurou a guerra. Afetou outras instâncias como as religiões e igrejas cujos deuses ou atores são quase todos masculinos. O “destino manifesto” do patriarcado é do dominium mundi (a dominação do mundo), com a pretensão de fazer-nos “mestres e donos da natureza”(Descartes).

Atualmente, os homens (varões) se fizeram vítimas do “complexo de deus” no dizer de um eminente psicalista alemão K. Richter. Assumiram tarefas divinas: dominar a natureza e os outros, organizar toda a vida, conquistar os espaços exteriores e remodelar a humanidade. Tudo isso foi simplesmente demais. Não deram conta. Sentem-se um “deus de araque” que sucumbe ao próprio peso, especialmente porque projetou uma máquina de morte, capaz de erradicá-lo da face da Terra.

É agora que se faz urgente a atuação salvadora da mulher. Damos razão ao que escreveu anos atrás o Fundo das Nações Unidas para a População:”A raça humana vem saqueando a Terra de forma insustentável e dar às mulheres maior poder de decisão sobre o seu futuro pode salvar o planeta a destruição”. Observe-se: não se diz “maior poder de participação às mulheres”coisa que os homens concedem mas de forma subalterna. Aqui se afirma: “poder de decisão sobre o futuro.” Essa decisão, as mulheres devem assumir, incorporando nela os homens, pois caso contrário, arriscaremos nosso futuro.

Esse é o significado profundo, diria, providencial, das duas candidatas mulheres à presidência do Brasil: Marina Silva e Dilma Rousseff.











Fonte: http://www.cartacapital.com.br/politica/para-salvar-a-vida-mulheres-no-poder- acesso em 28/08/2010.
 
Saiba mais :
http://www.minhamarina.org.br/home/home.php
http://www.dilma13.com.br/conteudo/main/
 
 
 

sábado, agosto 14, 2010

Ode às Mulheres


Jamais existiria um único homem se não houvesse uma mulher. Não existiriam dias dos pais, se não houvesse uma mulher. Não existiria mundo, se não houvesse uma mulher. Ou alguém, na face dessa terra, nasceu de um homem e eu não sei?

Para mim, se deus existe, Ela é Mulher.

- Não, dirão alguns, Ele não tem sexo. Ou tem os dois, dirão outros. Eu, digo que é mulher. Feminino. Se deus (a Deusa!) criou o homem à sua imagem e semelhança e, se só é possível nascer vida de um ser feminino, fêmea, mulher, concluo que o primeiro ser que existiu, forçosamente, tenha que ter sido do sexo feminino. Organismos microscópicos, anaeróbios heterótrofos fermentadores, bactérias, vírus, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, o que for. Ser vivo, macho não gera vida. Colabora. Conclui-se que homem é acessório, portanto.

É vergonhoso e triste ensinar uma criança que a mulher veio de uma costela do homem - o “ser bibelô”. Ainda hoje, por incrível que pareça, se difunde esse tipo de informação. Sem ferir crenças, é importante que se diga o quanto surreal e fantasioso é esse pensamento. Concepção que se transforma na manutenção, imperativa, de uma cultura que continua relegando o papel da mulher à segundo plano. É uma gigantesca colaboração para manter a idéia de inferioridade da mulher e da sua necessidade de dependência do grande varão, dominador e senhor do universo: Sua majestade, o homem que, no pior estilo Napoleão Bonaparte, tomou a coroa das mãos do papa e se auto-coroou imperador. A mulher pode ter perdido o reinado, mas não perdeu a realeza.

Uma mulher, nos mais inóspitos confins do universo, é uma luz que ilumina e irradia, de encanto e beleza, aquilo que está ao seu redor. Uma mulher é fonte de inspiração, de alegria e devoção. Uma mulher é fortaleza e superação. Uma mulher é o contraste, é o contraponto, é a medida, é a saída, é a salvação. Uma mulher é a fundamentalidade da existência humana, cotidiana, mundana. Uma mulher é a segurança, a esperança e a bem aventurança das nossas fraquezas do existir. Uma mulher é o porvir. É o garantir. É o transformar. O toque feminino é a magia que não pode, nunca, em qualquer circunstância faltar. Uma mulher é uma flor. Todas as flores são mulheres a nos encantar. O girasol, o cravo, o jasmim. São mulheres para mim. “Todo o amor que houver nessa vida”, é para as mulheres, enfim.

Alguém duvida?

O que o homem heterossexual mais deseja nessa vida? Ter uma mulher.

O que a mulher homossexual mais quer nessa vida? Ter uma mulher.

O que o homem homossexual possui de mais inspirador nessa vida? Uma mulher.

A mulher é o ser mais importante da terra. O mais amado e o mais odiado. E o mais desejado. Não há como negar a amplitude e a abrangência do seu ser. A sabedoria, a inteligência e a superioridade do seu eu. “Atrás de um grande homem sempre tem uma grande mulher”. Uma grande falta de verdade essa,  inventada pelos que se julgam donos do mundo,  que precisa ser, urgentemente, substituída. E, como realidade factual, apropriadamente ser espalhada em Outdoors pela cidade : Antes de um grande homem sempre existiu uma grande mulher”.


- Acho que no dia dos pais as felicitações deveriam ser dadas às mulheres que possibilitaram a existência de qualquer filho nesse mundo....

- Registro, aqui, a minha indignação e tristeza profunda em relação ao tipo de conduta e cultura, ainda, religiosa e fundamentalista, existente em nosso mundo.

- Manifesto minha solidariedade, apreensão e expectativa quanto ao destino de todas as pessoas condenadas ao apedrejamento,(em pleno século XXI)no Irã e em qualquer canto do mundo e, em especial às mulheres, como Sakineh Ashtiani.

"[...]As mulheres são mais propensas a ser acusadas de adultério no Irã porque elas não podem requerer o divórcio, ao contrário de seus maridos, que podem o fazer quando estiverem insatisfeitos. Além do homem ter o direito de se casar com cinco mulheres, ele também pode manter relações sexuais com uma mulher solteira por meio do "casamento temporário".

Essa opção legal não existe para as mulheres, que só podem ter relações dentro do casamento, mesmo após a morte de seu marido. Assim, se uma mulher se relacionar com outro homem, e ainda não for casada com ele, mesmo sendo viúva, como Sakineh, estará cometendo o crime de adultério.

As mulheres também são desfavorecidas na própria aplicação da pena. Em alguns casos, se o condenado a apedrejamento conseguir escapar durante a execução da sentença, pode ser libertado. No entanto, o artigo 102 do Código Penal Islâmico iraniano determina que os homens que serão apedrejados devem ser enterrados até a cintura, ao passo que as mulheres devem ser cobertas até a altura do peito, o que dificulta a sua fuga.

Segundo o artigo 106 do código, as pedras não podem ser grandes o suficiente para matarem a pessoa em um ou dois golpes, nem muito pequenas.

Enfrentar a Justiça é outro desafio para as mulheres iranianas. Em Estados onde o apedrejamento é previsto na lei, o adultério precisa ser provado na corte por quatro testemunhas oculares apenas homens ou três homens e duas mulheres. O crime também pode ser provado por meio de quatro confissões separadas do acusado perante o juiz.

O artigo 105 da lei iraniana, no entanto, prevê que uma pessoa pode ser condenada por adultério com base na "intuição" ou "conhecimento" do magistrado responsável pelo caso, o que dá brecha para julgamentos arbitrários. Sakineh foi condenada por adultério com base no "conhecimento" de três juízes.[...]"

Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,25-pessoas-aguardam-execucao-por-apedrejamento-no-ira-estima-ong,591270,0.htm

 


terça-feira, agosto 03, 2010

Trem Azul

Mais “umas” de casamento...

O casamento de um amigo meu acabou de terminar. Outro amigo, também, vem entrando nesse processo. Ontem, abro o jornal e leio: “Casamento, de 17 anos, de Edson Celulari e Cláudia Raia (atores de novelas da Rede Globo de televisão) terminou.” Aí ,fico pensando, como é engraçado a vida, né? No mesmo instante em que uns brigam tanto para poderem casar, outros, no andar da locomotiva, fazem o contrário. Tenho vários amigos, casados, descasados, “em casamento”, ex-casados.E cada um está num ciclo, numa fase, numa Estação... Fico acompanhando,como se estivesse diante de um circuito integrado de TVs, mostrando as diversas etapas de seus relacionamentos. Alguns repetindo o erro tentativa pela milésima vez. Casais gays, heterossexuais, todos, sem exceção, todos iguais. Por vias e caminhos diferentes, em diferentes vagões, em tempos de duração diferentes, mas passando pelas mesmas, mesmíssimas “Estações” que, por um mesmo e único trilho de trem, acaba por “descarrilar”, na maioria das vezes, antes do final da linha...

Isso só reforça, uma vez mais, as minhas crenças e convicções. Teorias, quem sabe. Do que vejo, acompanho, ouço falar, fico sabendo. Há mais de 20 anos. E é tudo igual, sempre. Como começa, como se desenvolve, como termina. Um trem azul, desgovernado. Alguns vagões, que ficaram abandonados em algumas estações, fazem-me recordar , também, da minha viagem-igual-inaugural-terminal-.Permito-me compartilhar uns pensamentos, recorrentes, que espalharam-se pelos trilhos sem fim. Convenci-me, após tamanhas reflexões, de que o único “modelo de casamento” (feliz?) que “pode” dar certo, que “talvez possa” ser considerado um exemplo da tanta harmonia? (Que insistentemente buscam os cônjuges, os pares de ambas orientações) seja aquele entre casais homossexuais femininas. Pelo que eu sei, ouço, vejo e fico sabendo, pude enumerar, e corrijam-me se estiver errado!!!, algumas observações sobre as mulheres que amam outras mulheres:

Elas são mais sinceras, verdadeiras, fieis, leais, intensas, companheiras, honestas, amigas, mais respeitosas, menos fúteis, inconstantes, superficiais, manipuladoras, menos , muito menos promíscuas, “baladeiras“, sem caráter, mentirosas, invejosas, malvadas, “futriqueiras”...Enfim, uma natureza diversa, muito diversa, do nosso amigo homem, hetero ou não, principalmente quando numa relação conjugal ( monogâmica e fechada!). E não vai aqui nenhuma crítica ou qualquer julgamento de valor. Apenas uma simples constatação da real diversidade entre os dois seres, entre os comportamentos apresentados (com raríssimas exceções, óbvio), entre o “modus vivendi”, desse ser que extrapola, irrita, decepciona, enfurece, enlouquece , entristece, mas ...que também encanta e alucina.

O que se conclui, por mais resistência que esteja querendo se opor, por menos agradável que possa parecer, que o “casamento” heterossexual e o homossexual masculino está fadado ao fracasso. Não me atreveria a dizer que ele já nasce morto, porque acredito nas boas intenções e nos sentimentos humanos verdadeiros ( e esperançosos) daqueles que assim os têm, meus conhecidos, alguns amigos e parentes afins. Mas que esse nascimento já vem com poucos anos de vida, isso é inegável, ainda mais nesses nossos tempos de agora.

E seguindo no trem azul, confrontamo-nos , na entrada de um grande túnel, com a natureza, eterna, desse homem primitivo,o ser masculino, insaciável, caçador, insatisfeito, inconstante, inquieto, destrutivo, desejoso de poder e dominação sobre todos os outros. Aquele que quer o novo, o mais novo, o diferente, o desconhecido,o desnecessário. O que quer o maior número de unidades, de qualquer coisa, só para ele, saciar o desejo instantâneo e trivial desse sempre querer “mais e mais e mais e mais”. Só o que muda, agora, é que vivemos na civilização e a coisa ficou mais complexa. Mas o bicho (homem) ainda é o mesmo. Lamento, caríssimos, mas um “casamento”, uma relação conjugal ou o que quer que se assemelhe a isso, fechado, monogâmico, restrito, castrador (sufocante?), repito, em que houver um homem (ouso dizer!) jamais poderá dar certo...pelo menos nesse modelo que vem sendo, há milênios, reproduzido, contratado, idolatrado,tentado, sustentado, copiado, idealizado, incentivado, reivindicado...(adoro multiplicidade de adjetivos!).

 
Gente fina é outra coisa, né. Uma nota para a imprensa, um simples comunicado em alto nível. Sem escândalos, gritarias, processos, participações em programas populares de Tv, sem tiro, sem tesourada ou esquartejamento, sem DNA...Até as separações podem ser modelos que podemos desejar e sonhar...até as separações...olha aí!

Seguimos no Trem Azul.