sexta-feira, dezembro 25, 2009

...então é natal....(de novo...)

Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Então é Natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, do amor como um todo.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem....

A verdadeira história do Natal
 
Origens Pagãs


Quando buscamos a verdadeira história do Natal, acabamos diante de rituais e deuses pagãos. Sabemos que Jesus Cristo foi colocado numa festa que nada tinha haver com Ele. O verdadeiro simbolismo de Natal oculta transcendentes mistérios. Esta festividade tem sua origem fixada no paganismo. Era um dia consagrado à celebração do “Sol Invicto”. O Sol tem sua representação no deus greco-romano Apolo e, seus equivalentes entre outros povos pagãos são diversos: Ra, o deus egípcio, Utudos na Babilônia, Surya da Índia e também Baal e Mitra.
Mitra era muito apreciado pelos romanos, seus rituais eram apenas homens que participavam. Era uma religião de iniciação secreta, semelhante aos existes na Maçonaria. Aureliano (227-275 d.C), Imperador da Roma, estabeleceu no ano de 273 d.C., o dia do nascimento do Sol em 25 de dezembro “Natalis Solis Invcti”, que significava o nascimento do Sol invencível. Todo O Império passou a comemorar neste dia o nascimento de Mitra-Menino, Deus Indo-Persa da Luz, que também foi visitado por magos que lhe ofertaram mirra, incenso e ouro. Era também nesta noite o início do Solstício de Inverno, segundo o Calendário Juliano, que seguia a “Saturnalia” (17 a 24 de dezembro), festa em homenagem à Saturno. Era portanto, solenizado o dia mais curto do ano no Hemisfério Norte e o nascimento de um Novo Sol. Este fenômeno astronômico é exatamente o oposto em nosso Hemisfério Sul.


Estas festividades pagãs estavam muito arraigadas nos costumes populares desde os tempos imemoráveis para serem suprimidas com a advento do Cristianismo, incluso como religião oficial por Decreto por Constantino (317-337 d.C), então Imperador de Roma. Como antigo adorador do Sol, sua influência foi configurada quando ele fez do dia 25 de dezembro uma Festa Cristã. Ele transformou as celebrações de homenagens à Mitra, Baal, Apolo e outros deuses, na festa de nascimento de Jesus Cristo. Uma forma de sincretismo religioso. Assim, rituais, crenças, costumes e mitos pagãos passam a ser patrimônio da “Nova Fé”, convertendo-se deuses locais em santos, virgens em anjos e transformando ancestrais santuários em Igrejas de culto cristão. Deve-se levar em consideração que o universo romano foi educado com os costumes pagãos, portanto não poderia ocorrer nada diferente.
Todavia, o povo cristão do Oriente, adaptou esta celebração para 6 de janeiro, possivelmente por uma reminiscência pagã também, pois esta é a data da aparição de Osíris entre os egípcios e de Dionísio entre os gregos.
Jesus, o “Filho do Sol”

No quociente Mitraísmo/Cristianismo se observa surpreendentes analogias. Mitra era o mediador entre Deus e os homens. Assegurava salvação mediante sacrifício. Seu culto compreendia batismo, comunhão e sacerdotes. A Igreja Católica Romana, simplesmente “paganizou” Jesus. Modificou-se somente o significado, mantendo-se idêntico o culto. Cristo, substituiu Mitra, o “Filho do Sol”, constituindo assim um “Mito” solar equivalente, circundado por 12 Apóstolos. Aliás, curiosa e sugestivamente, 12 (n. de apóstolos), coincide com o número de constelações. Complementando as analogias astronômicas: a estrela de Belém seria a conjunção de Júpiter com Saturno na constelação do ano 7 a.C, com aparência de uma grande estrela.


Nova Ordem

Uma nova ordem foi estabelecida quando o decreto de Constantino oficializa o Cristianismo. Logo, livres de toda opressão, os que então eram perseguidos se convertem em perseguidores. Todos os pagãos que se atrevessem a se opor as doutrinas da Igreja Oficial eram tidos como hereges e dignos de severo castigo.

Culto às “Mães Virgens”

No Antigo Egito, sempre existiu a crença de que o filho de Ísis (Rainha dos Céus), nasceu precisamente em 25 de dezembro. Ísis algumas vezes é “Mãe”, outras vezes é “Virgem” que é fecundada de maneira sobrenatural e engravida do “Deus Filho”.


Tal culto à “Virgem” é encontrado entre os Celtas, cujo a civilização, os druídas (sacerdotes), praticam o culto baseado em um “Deus Único”, “Una Trindade”, a ressurreição, a imortalidade da alma e uma divindade feminina: uma “Deusa-Mãe”, uma “Terra-Mãe” e uma “Deusa Terra” também virgem, que se destinava a dar à luz a um “Filho de Deus”.

Este culto as “Deusas Virgens-Mães” está reiterado em muitas religiões e mitologias, inclusive civilizações pré-colombianas, como em numerosas mitologias africanas e em todas as seitas iniciáticas orientais.
A reconfortante imagem do arquétipo “MÃE” é primordial para existência humana. Este arquétipo pode assumir diversas formas: deusas, uma mãe gentil, uma avó ou uma igreja. Associadas a essas imagens surgem a solicitude e simpatia maternas, o crescimento, a nutrição e a fertilidade.

Culto ao “Deus-Herói”


Como afirmei, a concepção de uma “Rainha dos Céus” que dá à luz a um “Menino-Deus” e “Salvador” corresponde a um arquétipo básico do psiquismo humano e tem sua origem nos fenômenos astronômicos. Enviado por um “Ser Supremo”, que é o PAI, o FILHO assume suprimindo o PAI, como acontece em todas as sagas gregas, indo-européias e diversas culturas. Coincidentemente, existe um padrão constante que quase sempre expressa o mesmo propósito: fazer do FILHO um HERÓI, que cumpre o mandato do PAI, sucedendo-o. Este HERÓI se faz causa de um ideal primeiro que se move ao longo da História como MODELADOR de uma cultura.
A versão do nascimento e infância de Jesus é uma repetição da história de muitos outros Salvadores e Deuses da humanidade. Ilustra bem a figura do “Arquétipo Herói”, comuns em qualquer cultura e que seguem sempre a mesma fórmula. Nascidos em circunstâncias misteriosas, logo exibe força ou capacidade de super- homem, triunfa na luta contra o mal e, quase sempre, morre algum tempo depois.

Este arquétipo reflete o tipo de amadurecimento sugerido pelos mitos: nos alerta para ficarmos atentos as nossas forças e fraquezas internas e nos aponta o conhecimento como caminho para se desenvolver uma personalidade saudável.

“Anexo a nossa consciência imediata”, escreveu Carl Jung, “existe um segundo sistema psíquico de natureza coletiva, universal e impessoal, que se revela idêntico em todos os indivíduos”. Povoando este inconsciente coletivo, afirmava, havia o que chamava de “arquétipos”, imagens primordiais ou símbolos, impressos na psique desde o começo dos tempos e, a partir de então, transmitidos à humanidade inteira. A MÃE, o PAI e o HERÓI com seus temas associados, são exemplos de tais arquétipos, representados em mitos, histórias e sonhos.


Eis que nasce Papai Noel

Com o passar do tempo, de gerações que foram sucedendo-se, veio o esquecimento e nem Mitra, nem Apolo ou Baal faziam mais parte do panteão de algum povo. Acabou restando somente símbolos: a árvore, a guirlanda, as velas, os sinos e os enfeites. Até que no séc. IV, mais exatamente no ano de 371, uma nova estrela brilha em nosso céu e na Terra nasce Nicolau de Bari ou Nicolau de Mira. A generosidade a ele atribuída granjeou-lhe s reputação de mágico milagreiro e distribuidor de presentes. Filho de família abastada, doou seus bens para os pobres e desamparados. Entretanto, tecia um grande amor pelas crianças e foi através delas que sua lenda se popularizou e que Nicolau acabou canonizado no coração de todas as pessoas.
No fim da Idade Média, ainda “espiritualmente vivo”, sua história alcançou os colonos holandeses da América do Norte onde o “bom velhinho” toma o nome de “Santa Claus”. Ao atravessar os Portais do Admirável Mundo, muito sobre o que ele foi escrito lhe rendeu vários apelidos, como: “Sanct Merr Cholas”, “Sinter Claes” ou “Sint Nocoloses”, e é considerado sempre como padroeiro das crianças.

O Papai Noel Ocidental




Até aproximadamente 65 anos atrás o Papai Noel era, literalmente, uma figura de muitas dimensões. Na pintura de vários artistas ele era caracterizado ora como um “elfo”, ora como um “duende”. O Noel-gnomo era gorducho e alegre, além de ter cabelos e barbas brancas.

No final do século XIX, Papai Noel já era capa de revistas, livros e jornais, aparecendo em propagandas do mundo todo. Cartões de Natal o retrataram vestido de vermelho, talvez para acentuar o “espírito de natal”. A partir daí o personagem Papai Noel foi adquirindo várias nuances até que em 1931 a The Coca-Cola Company, contrata um artista e transforma Papai Noel numa figura totalmente humana e universalizada. Sua imagem foi definitivamente adotada como o principal símbolo do Natal.

A imagem do Noel continuou evoluindo com o passar dos anos e muitos países contribuíram para sua aparência atual. O trenó e as renas acredita-se que sejam originárias da Escandinávia. Outros países de clima frio adicionaram as peles e modificaram sua vestimenta e atribuíram seu endereço como sendo o Pólo Norte. A imagem da chaminé por onde o Papai Noel escorrega para deixar os presentes vieram da Holanda.

Hoje, com bem mais de 1700 anos de idade, continua mais vivo e presente do que nunca. Alcançou a passarela da fama e as telas da tecnologia. Hoje o vemos em filmes, shoppings, cinemas, no estacionamento e na rua. Ao longo desses dezessete séculos de existência, mudou várias vezes de nome, trocou inúmeras de roupa, de idioma e hábitos, mas permaneceu sempre a mesma pessoa caridosa e devotada às suas crianças. E, embora diversas vezes acusado de representar um veículo que deu origem ao crescente consumismo das Festas Natalinas, é preciso reconhecer que ele encerra valores que despertam, revivem e fortalecem os nossos sentimentos mais profundos. Sua bondade é tão contagiante que atinge tipo “flecha de cupido”, qualquer pessoa, independente de crença ou raça, o que evidencia a sua magia e seu grande poder de penetração no mundo.













segunda-feira, novembro 30, 2009

Águas de Novembro...

Encerrei novembro num lugar comum. No cinema. Fui ontem, 29/11 ver o filme, nacional, “Do começo ao fim”, obra do diretor Aluísio Abranches. A trama conta, apenas, “uma história de amor”, segundo o próprio diretor e autor do melodrama. Aborda, de uma só vez, os dois temas tabus da nossa vida. Homossexualismo e incesto. Uma relação entre dois irmãos que crescem juntos e que acabam tornando-se amantes quando adultos. Deixando de lado todos os méritos e créditos positivos que eu sei que devem ser dispensados às criações deste porte, a importância da temática na ordem do dia e a necessidade em “chacoalhar” o povão adormecido, conservador e anestesiado por dogmas e conceitos históricos tradicionais, o que pode ser observado foi uma grande apologia a outro grande conceito universal, mas questionável, da idealização de um amor imortal, eterno, supremo, incondicional. Não fosse um simples detalhe de gênero e eu acreditaria estar assistindo aos dramalhões mexicanos exibidos por algumas emissoras de TV aberta. Minha impressão foi de muita “forçação de barra”, digamos. Muito “lugar-comum”. Um melodrama recheado de tragédia, até mesmo comentado pelos personagens, numa certa cena, sobre a  morte do  pai e mãe de um dos protagonistas, cobertos com o delicioso chocolate do amor, numa eterna lua-de-mel, literalmente, dentro do armário. Sim, porque como irmãos continuaram apresentando-se para a sociedade e deixando para a intimidade luxuosa das quatro paredes a realização suprema de suas sentimentalidades. Fugiu do estereótipo, irritante, do gay palhaço, exageradamente feminino, mas permaneceu no estágio da manutenção preventiva, ou seja, manter e cultivar a aparência de um título falso qualquer, como primo, irmão, amigo de faculdade, colega de trabalho, para justificar a intimidade de dois indivíduos do mesmo sexo e, assim, salvaguardar a moral e os bons costumes que devem reinar soberanos no nosso meio social, sem dúvida alguma. Não gostei desse olhar e, tampouco, das cenas em que os pais das crianças conversam sobre as desconfianças que percebem no comportamento destes. Achei extremamente tendencioso pretender que simples brincadeiras de crianças estejam, já, envolvidas em segundas intenções premeditadas, como entendi ter transparecido nos personagens em tão pouca idade. Não foi bem assim que eu aprendi na escola... (da vida). Mas, é apenas a visão do autor. Apenas uma visão. Fui à sessão das 15 horas, eu e um amigo. Na fila, 99% eram de jovens masculinos, até alguns parecidos com os protagonistas da produção melosa. Alguns, talvez casais e outros em busca de formar um. Uns dois ou três senhores e umas duas ou três mulheres.Mas não deveriam ter ali mais de 30 pessoas. Não indico o filme para meus inimigos mas também não o faço para os amigos. Não vale a pena ver de novo. Na verdade vale a pena ser esquecido. Entre eu e o amigo acabou não “rolando” a tal química. Nossas reações a cada cena eram inversamente proporcionais ao quadrado da distância que estava nos separando. Ele saiu adorando o filme. Eu saí mais convicto das minhas concepções realistas. Depois do sorvete o papo morreu na amizade. Eu até fiquei triste, mas, minutos depois, recobrei a sanidade mental e refleti que já era época de lembrar do bom velhinho e cair na realidade que essa data enseja. Apesar de ter terminado o mês no local referido, sob a magia e o encantamento de um enredo alucinante, para as “Alices” de plantão, felizmente, consegui não me envolver, de novo, em mais esse lugar-comum.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Finados 2

Finou-se mais um esquema de corrupção nesse país. Assim espero. Aqui em Alvorada. Excelente trabalho da imprensa que divulgou no último domingo (01/11) reportagem em que o Secretário de Planejamento de Alvorada (agora ex), sem saber que estava sendo gravado, detalhou o vergonhoso esquema para fraudar a elaboração de projetos nas obras do PAC, plano de Aceleração do Crescimento, do governo federal. Mais uma vez “a Alvorada nos mata de vergonha”. De outras vezes, sempre nos matou quando, em qualquer roda de amigos mencionávamos o lugar de onde éramos. Isso, sempre aconteceu comigo e com qualquer habitante daqui, com certeza e convicção. A fama da cidade do crime, da cidade dos bandidos, em que cabeças degoladas apareciam na praça municipal, enfrente à Prefeitura, história ou lenda dos anos 60, 70 e 80, que sobrevivem até hoje, sempre fez com que escondêssemos ou evitássemos o máximo, em qualquer situação, principalmente quando se buscava um trabalho honesto, a declaração de sermos moradores destas paragens. Agora está confirmado: É também a cidade da falcatrua, odiosa, deslavada, aviltante. Tão igual e oficial quanto a nossa conhecida capital federal. Que não se tenha, então, mais receio desse recanto regional, pois que a vergonha, agora se tornou nacional. E com tanta rima que se formou dessa sujeira toda, ainda dizem que é a “capital da solidariedade?”. Alvorada, no Rio Grande do Sul, é apenas mais uma cidade brasileira.

Finados 1

Não sei se esse dia é para lembrar os mortos ou “aos vivos”. Como muitas coisas que já estavam aqui quando eu cheguei, ainda não parei para investigar- talvez no Google?- a origem desse feriado. Ou se o fiz, já nem me lembro mais. O que sei e o que vemos, é que cada vez mais o comércio se favorece dele. Não só flores, que são os alimentos para a alma nessa ocasião (não seriam as orações?), mas também balinhas e biscoitinhos estão presentes nos entornos dos cemitérios nesta data, pois os vivos também sentem fome. E, como todo lugar é lugar, principalmente nestes tempos difíceis de hoje, não há como deixar passar em branco (ou preto?), a oportunidade de aumentar a renda familiar oferecendo alguma quinquilharia de última hora. Sejam CDs ou DVDs do momento, jogos de vídeo-game, pilhas, fitinhas do Senhor do Bom Fim, antenas de TV ou veneno pra matar baratas; Os ambulantes, enquanto vivos, também precisam ter o seu dia, nem que seja o de faturamento. Até com a morte se faz negócio, se faz comércio, se quer faturar. Sabemos que ninguém se enterra por menos de mil reais. Não sendo indigente, carente ou algo que o valha e, não incluindo na fatura da funerária o livrinho de presença, o lencinho extra ou outra inutilidade incluída despretensiosamente, a conta, mesmo assim, não sai por menor valor. Depois tem a questão das coisas que se adquire após o “grande momento”, ou seja, os itens que irão fazer parte da decoração da morada eterna. Mármore, muito mármore. Horrores de mármores de todos os tipos. Placas de bronze em letreiros saudosos, e vasos, muitos vasos de todos os tipos e formas onde serão, finalmente, depositados, todos os anos, e depois de dois em dois anos, e depois só Deus sabe quando for possível ir, as já mencionadas flores, que foram vendidas ali em cima, no início do texto. E também muitos anjos, enormes, com asas gigantes, com a cabecinha pendendo para um lado, se possível o direito, num olhar cândido e benevolente, a velar por quem ali descansa, como um guardião fiel de uma alma que subiu aos céus e está sentada à direita de Deus Pai Todo Poderoso, que há de vir a julgar os vivos e os mortos. E assim, enquanto ele não vem, os mármores lá se vão. Os mármores, os “bronzes”, os “ouros” e tudo o mais que houver de valor e puder ser transformado em moeda, debaixo desse céu comercial em que vivemos. Não é de hoje que sabemos de violações de moradas eternas em busca de pertences que estejam junto de seus donos.


Nesta última terça(3/11), um amigo comentava comigo, desconsolado, depois de ter voltado do cemitério, sobre o roubo dos vasos de porcelana, belíssimos, que ele houvera colocado sobre o túmulo de seu pai, no ano passado. Lamentava, e com razão, não só financeira, mas do valor sentimental, de um objeto de decoração, ricamente organizado que embelezava o espaço do descanso eterno e tinha seus fins. Lamentava-se por demais naquela tarde tranqüila em que conversávamos. Depois que ele foi embora eu fiquei ainda remoendo os pensamentos sobre o assunto. Por quê tantos ornamentos, tanto mármore, tanto bronze, tanto ouro? Por quê, também, algumas pessoas se preocupam tanto em ostentar tamanho poder (financeiro?) com certos luxos para os olhos dos outros, vivos, num momento em que já nem existem mais? Que dizer também dos jazigos perpétuos de famílias, finamente decorados tal qual o palácio de buckingham?Assim que se estenderam minhas reflexões até ao questionamento inicial do significado do dia dois de novembro. Será que é para lembrarmos-nos dos que já se foram ou para não esquecermos de que nós, também,  um dia iremos? Tirando o evento comercial que é e o apelo religioso que sempre foi não sobra muito para o que eu considero de validade nesse dia. Na verdade, o que menos fiz foi lembrar algum parente morto, até porque lembro, de todos que amei, em vários momentos do ano, em sonhos, em aniversários destes, enfim, em várias ocasiões de reflexões e de lembranças saudosas que faço, vez por outra, quando me pego a procurar os “velhos tempos” ou os tempos que “passei e que não voltam mais”. Acredito que a melhor maneira de homenagear alguém que já se foi seja trazê-lo, sempre, em nossas recordações, vivo, na memória de nossa existência.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Descobertas

Descobrindo coisas pela internet, no youtube, me surpreendo cada dia. Estou num "momento"  em que chamei de "Tempo de Elis", ou seja, um tempo em que comecei a me envolver, descobrir, conhecer e conviver com esse tema. Assim como em setembro, por ocasião das comemorações da semana da pátria e dos "ideais farroupilhas " com as lembranças do 20 de setembro, data festiva aqui no sul, entrei num momento regional, "gaudério", onde estava envolvido com esse tema e assunto. Isso, claro, refletindo-se no orkut, onde podia expressar  e compartilhar os meus sentimentos através das fotos, das letras de músicas e etc. Agora tenho o blog, que será também espaço para dividir essas sensações de momentos e de tempos experimentados nesse processo de viver. E viver, se vive junto. Já lí ,em algum lugar, não lembro onde, talvez tenha sido em Paulo Freire ou outro educador, na época da minha formação docente,  a afirmação de que nós só somos nós através dos outros. Nós só podemos nos reconhecer existentes no mundo pelo outro. O olhar do outro é que nos faz existir. Era mais ou menos isso. Essa, talvez, seja uma boa justificativa para a existência dos blogs?. Por via das dúvidas, aqui estou.
Assim que, estando no "Tempo de Elis", mas nunca saindo do meu tempo de agora, ontem descobri algumas entrevistas dessa menina, nos tempos em que eu era apenas um menino. Vale a pena ouvir.
Esse vídeo, com a entrevista da Elis para a rádio Nacional, em 1980, indignada e emocionada, comentando sobre a morte do John Lennon é revelador. Revelador da atualidade, das coisas que ela dizia e percebia, naquela época quanto ao comportamento das pessoas que, hoje, não mudou em nada. É importante ouvir  e refletir sobre e com os acontecimentos do nosso momento atual. Sobre as coisas que acontecem no Rio , dentro da casa da gente, principalmente e  no círculo de amigos, no dia-a-dia, na correria, na confusão da nossa vida.
Ouçam. Ouvir nunca é demais.

http://www.youtube.com/watch?v=GHraQ5xvvVA

domingo, outubro 18, 2009

De Pontos e de Vida


“ Eu vi a cara da morte e ela estava viva!”. A composição que Cazuza fez nos anos 80 foi a primeira coisa que me veio à mente quando olhei na TV aquele tanque escuro da polícia carioca pelas ruas da cidade. Certamente não há coisa mais semelhante para representar uma coisa tão terrível e apavorante quanto essa. Da mesma forma, a imagem dos casebres pendendo do morro, em construções irregulares e amontoadas de tijolos à vista onde, um sem número de vidas humanas habitam, revelou a parte feia e suja de uma cidade, cantada em prosa e verso, tão bonita por natureza. A alma humana, inocente e bela, divide espaço por ali com a podridão e criminalidade da marginália fora da lei. Gente humilde, inocente, trabalhadora, acaba sofrendo e pagando o preço de uma conta que não é sua.


Mas a parte podre da vida não vive somente em favelas. Aqui, bem mais abaixo, na planície verdejante de nossos jardins, nas nossas casas limpinhas e bem cuidadas, de quintais arrumadinhos ou em algum quarto de apartamento, dos centros de nossas cidades, reside, bem nutrida e acalentada a alma decrépita e pútrida de quem, a cada dia, também colabora para o aumento desenfreado dessa dívida social. No polêmico filme “Tropa de Elite”, talvez ninguém tenha dado tanta importância para a cena em que o Cap. Nascimento, ao abordar diversas pessoas dentro da favela, passa uma lição num jovem que se apresenta como “estudante”, com a intenção de se eximir de qualquer culpa. Na verdade, essa bela passagem precisava ser melhor refletida por todos. Assim, também como no filme “Meu Nome não é Johnny”, a realidade que nos cerca se mostra muito viva. Porém, às vezes estamos no quarto de cima e não conseguimos perceber- e muitos não querem admitir, outros não conseguem enxergar- que a festa no andar de baixo não é uma simples reunião dançante; São os meus colegas de faculdade, os colegas de trabalho, os jovens da classe média e também os da periferia; São os filhos bem nascidos de pais muito ocupados ou alienados; São os filhos abandonados; São os profissionais de todas as áreas e inclusive os da lei; São pessoas reais, muitas não conhecidas pessoalmente, mas pela história verídica de algum amigo; São artistas, intelectuais, políticos, que ao chegarem ao hotel de alguma cidade, como primeira providência é a de saber onde é “o ponto” ou quem é a pessoa “confirmada” que poderá conseguir a coisa certa; São esses, os meus, os teus e os nossos “conhecidos”, que muito colaboram para deixar a cara da vida com a cara da morte.


Nesse sentido, a feiúra do Rio de Janeiro mostrou a sua cara dessa vez e de vez. Pela televisão, nós vimos a cara da morte e ela era feia e estava viva. Aqueles que ainda não sabiam, agora descobriram que “os pontos” da cidade maravilhosa não são somente os turísticos. E pelo que se percebeu, pela magnitude dos estragos realizados, pode-se entender a importância e a necessidade em manter eles sob domínio e controle. O poder, demonstrado nas ações dos traficantes, no sentido de apoderarem-se de territórios específicos de seus rivais, é algo sem precedentes na história desse país, além de ser um momento de preocupante expectativa no que tange ao futuro de todos os cidadãos, não somente cariocas, mas de todo brasileiro que vive à mercê da criminalidade crescente nas grandes cidades. O que mais se pode esperar depois de já ser possível derrubar um helicóptero, e da polícia, ainda por cima?! O que mais poderemos esperar dos nossos “confirmados”? A realidade está mostrando o que realmente eles podem entregar. Tudo o que vem junto com o simples “baseadinho”, com o “papelotezinho”, com o mais recente “crack”, com a nossa condescendência com o colega, com o filho, com o parente, com o vizinho, com o amigo do amigo, com o cunhado do tio do conhecido, com o nosso artista preferido, com o nosso ídolo, o nosso “pop star”: Uma encomenda que tem um preço muito mais alto do que sonham algumas vãs filosofias.


Eu vi a cara da morte, e ela está viva! Mas ela não está, somente, na face escura e sombria dos casebres feios e descompostos nos morros do Rio e de qualquer cidade conhecida nossa. Não está, somente, nas mãos perversas dos traficantes e criminosos que se organizam e se preparam, cada vez mais, para atender a demanda que, sem sombra de dúvida é a origem dessa bola de neve que parece não ter mais fim. É importante que se reflita e se atente para esse enorme crediário sem avalista, onde o fiador é a própria vida humana. Não só a vida dos nossos próprios “conhecidos”, que dormem em berço esplêndido, nesse momento, mas a nossa própria, almas humanas, que necessitam desse mesmo espaço de convivência. A verdadeira questão das drogas e dos traficantes, assim como o contrabando, o comércio ilegal de qualquer coisa que seja, não reside no insistente e cansado- e muitas vezes inútil- combate a essas práticas. O “ponto” e o “cara confirmado”, que estão e sempre estiveram entre nós, matando aos poucos e de todas as formas a vida, terão sempre os seus substitutos, enquanto existirem, no andar de baixo, na festinha inocente, no passeio do parque, no interior de muitos edifícios luxuosos, algum “conhecido” nosso disposto a procurar por eles.

Alvorada, 18 de Outubro de 2009.
João Cláudio Amaral Marques

quinta-feira, outubro 15, 2009

Ao Mestre, com carinho

Acabo de ler, hoje, 14 de outubro, na zero hora do dia, uma matéria muito preocupante e triste. Estampada na página 35, uma história da série “Escolas Conflagradas”, que o jornal vem publicando nas últimas semanas, apresenta o fim trágico que resultou a vida de um professor, dedicado, corajoso e apaixonado. O professor Ozório Alceu Felini, com apenas 45 anos foi esfaqueado por um jovem, em plena escola na qual não só trabalhava, por que muitos “apenas trabalham ou fingem que trabalham”, mas literalmente na qual se “doava”, como podemos perceber do depoimento de sua esposa e filhas no sentido de tentar persuadi-lo à preocupar-se mais com a família do que com os seus alunos. Vale registrar aqui sua resposta: “ A melhor forma de proteger as nossas filhas é melhorando a sociedade”. No dia 17 de março, deste ano!!, no exercício de sua MISSÃO, foi atingido brutalmente, “banalmente” por um aluno da escola Estadual Bernardina Rodrigues Padilha, em Vacaria, ao tentar separar uma briga de duas meninas. No dia 26 de março morreu no hospital em decorrência desse fato. Simples fato, que só fiquei sabendo hoje, 7 meses depois, isto porque foi publicado no jornal.Quantos mais, por esses interiores, não só aqui do sul, mas de todo esse enorme país, quantos mais, tiveram esse fim e quantos mais ainda terão??? Tem uma música nativista que diz “todos os heróis estão mortos”. E é verdade. Quem quer ser herói? Quem se candidata? Eu tentei ser herói um dia, admito. Foi há bem pouco tempo atrás. Em março, ainda, quando o professor Ozório levava a facada certeira, no destino da sua existência. Parece que até a providência não quer saber mais de heróis. Ou não que saber mais de alguém querendo melhorar a sociedade. Nessa época, recém formado, eu também sonhava melhorar a sociedade. E, sinceramente, não o fazia para sair nos jornais, para ganhar glória e notoriedade. Realmente, eu acreditava que poderia, que deveria. Eu acreditava no mesmo sonho do professor Ozório. Firmemente, eu acreditava, juro. Por isso essa reportagem me deixou mais triste no dia de hoje. Apenas mais uma tristeza a figurar no rol das tantas que vamos acumulando. Mas eu “joguei a toalha”, “chutei o balde”. Nem bem comecei, dirão alguns. Mas eu não sou cego, nem surdo. O que eu vejo, ouço, presencio, já é o suficiente. Só não digo que as coisas serão assim para sempre porque elas não eram assim, mas ficaram. Então, talvez, eu mude minha visão, no futuro.Mas o certo é que agora, no presente, é assim: Não quero ajudar quem não se ajuda, não quero fazer concurso para herói, não quero olhar para todos os lados e me ver sozinho. Não quero ser o último a apagar a luz. O que eu quero, o que eu preciso, é conhecer Paris antes de morrer. O professor Ozório, se não conheceu, jamais conhecerá. O mundo, também, jamais conhecerá o professor Ozório. Eu não quero ser o professor Ozório. Mas quando eu estiver lá na torre Eiffel, um dia, que é o meu sonho, ou diante do quadro da Monalisa, no Louvre, eu vou ter a certeza de que fiz a coisa certa, pelo professor Ozório.

Fui trabalhar e voltei. Quero terminar o capítulo do professor Ozório, mas não consigo. Pensei nisso o dia todo. Como as coisas são interessantes nesse mundo e ao mesmo tempo, tão estúpidas. Vivemos num mundo tão complicado, num tempo de coisas tão difíceis. Ano de 2009, século 21. Nosso país atravessando uma crise de ética na política, onde os senadores dessa república “chafurdam” na lama da imoralidade com coisa pública. Os deputados não ficam para trás. Aqui no sul, o governo do Estado, chefiado por uma governadora, está envolvido até os últimos fios de cabelo em escândalos e irregularidades desde o início do mandato. A assembléia legislativa se ocupa de comissões e discussões intermináveis e inúteis entre o governo e oposição. E por fim, no fim dos confins deste vasto universo, numa cidade chamada Vacaria, nesse exato momento, alguém com princípios, idéias, utopias, sonhos, desejos, fé, esperança, crença; Alguém que tinha certeza que o mundo poderia ser melhor, que a vida poderia ser diferente; Alguém que amava, que se doava; Nesse exato instante em que a noite se foi e, entrando madrugada adentro nos encontramos no outro dia, esse alguém, descansa em paz...

Feliz dia do Professor.

Alvorada, 15 de Outubro de 2009.
João Cláudio Amaral Marques

domingo, outubro 11, 2009

A semaninha

A semaninha começa hoje, domingo. E hoje é mais um domingo comum de um final de ano. Na verdade, meio de feriado. Dia 11 de outubro. Amanhã, dia 12, é feriado santo, dia de Nsa. Sra. Aparecida e também dia da criança. A santa é a padroeira do Brasil, nosso país e por isso, em diversos lugares amanhã os festejos ditarão a ordem do dia. Como somos um país laico, todas as comemorações serão bem vindas. E muitos poderão comemorar, de pernas para o ar, sem nenhuma obrigação maior a alegria de não precisar começar o dia normal de trabalho numa segunda- feira. Mas hoje, ainda é domingo e aproveito para registrar aqui o reinício desse blog, que havia começado há muito tempo atrás e nem lembrava mais. Tentarei tornar rotina e frequencia esse exercício de escrever aqui. não somente as trivialidades do meu dia-dia, assim como opinião, notícia, informação, reclamação e tudo o mais que entender necessário e adequado registrar. O dia hoje foi muito tranquilo. Uma chuva forte iniciou alí pelas 14 horas e permanece, ainda, persistente até agora. Estamos na primavera mas os dias frios não querem ir embora. Este feriadão todo eu não trabalho, retornando somente na terça feira. Hoje passei o dia na ociosidade. Assisti dois filmes, comi brigadeiro na panela, que a mãe preparou e ficamos os dois em casa, cada um nas suas tarefas particulares. O mais importante de tudo foi o dia ter sido muito tranquilo. Agora à noite, assim como fiz durante o dia, troquei a agitação e a aglomeração de pessoas pela minha agradável companhia. Se quisesse, poderia sair para a balada mas, devido à conteção de despesas nas quais me encontro atualmente e o desejo crescente de fuga das grandes concentrações de pessoas, optei pelo melhor lugar que existe no mundo: Meu pequeno e aconchegante quarto.
Alvorada, 11 de Outubro de 2009.
João Claudio.