segunda-feira, novembro 30, 2009

Águas de Novembro...

Encerrei novembro num lugar comum. No cinema. Fui ontem, 29/11 ver o filme, nacional, “Do começo ao fim”, obra do diretor Aluísio Abranches. A trama conta, apenas, “uma história de amor”, segundo o próprio diretor e autor do melodrama. Aborda, de uma só vez, os dois temas tabus da nossa vida. Homossexualismo e incesto. Uma relação entre dois irmãos que crescem juntos e que acabam tornando-se amantes quando adultos. Deixando de lado todos os méritos e créditos positivos que eu sei que devem ser dispensados às criações deste porte, a importância da temática na ordem do dia e a necessidade em “chacoalhar” o povão adormecido, conservador e anestesiado por dogmas e conceitos históricos tradicionais, o que pode ser observado foi uma grande apologia a outro grande conceito universal, mas questionável, da idealização de um amor imortal, eterno, supremo, incondicional. Não fosse um simples detalhe de gênero e eu acreditaria estar assistindo aos dramalhões mexicanos exibidos por algumas emissoras de TV aberta. Minha impressão foi de muita “forçação de barra”, digamos. Muito “lugar-comum”. Um melodrama recheado de tragédia, até mesmo comentado pelos personagens, numa certa cena, sobre a  morte do  pai e mãe de um dos protagonistas, cobertos com o delicioso chocolate do amor, numa eterna lua-de-mel, literalmente, dentro do armário. Sim, porque como irmãos continuaram apresentando-se para a sociedade e deixando para a intimidade luxuosa das quatro paredes a realização suprema de suas sentimentalidades. Fugiu do estereótipo, irritante, do gay palhaço, exageradamente feminino, mas permaneceu no estágio da manutenção preventiva, ou seja, manter e cultivar a aparência de um título falso qualquer, como primo, irmão, amigo de faculdade, colega de trabalho, para justificar a intimidade de dois indivíduos do mesmo sexo e, assim, salvaguardar a moral e os bons costumes que devem reinar soberanos no nosso meio social, sem dúvida alguma. Não gostei desse olhar e, tampouco, das cenas em que os pais das crianças conversam sobre as desconfianças que percebem no comportamento destes. Achei extremamente tendencioso pretender que simples brincadeiras de crianças estejam, já, envolvidas em segundas intenções premeditadas, como entendi ter transparecido nos personagens em tão pouca idade. Não foi bem assim que eu aprendi na escola... (da vida). Mas, é apenas a visão do autor. Apenas uma visão. Fui à sessão das 15 horas, eu e um amigo. Na fila, 99% eram de jovens masculinos, até alguns parecidos com os protagonistas da produção melosa. Alguns, talvez casais e outros em busca de formar um. Uns dois ou três senhores e umas duas ou três mulheres.Mas não deveriam ter ali mais de 30 pessoas. Não indico o filme para meus inimigos mas também não o faço para os amigos. Não vale a pena ver de novo. Na verdade vale a pena ser esquecido. Entre eu e o amigo acabou não “rolando” a tal química. Nossas reações a cada cena eram inversamente proporcionais ao quadrado da distância que estava nos separando. Ele saiu adorando o filme. Eu saí mais convicto das minhas concepções realistas. Depois do sorvete o papo morreu na amizade. Eu até fiquei triste, mas, minutos depois, recobrei a sanidade mental e refleti que já era época de lembrar do bom velhinho e cair na realidade que essa data enseja. Apesar de ter terminado o mês no local referido, sob a magia e o encantamento de um enredo alucinante, para as “Alices” de plantão, felizmente, consegui não me envolver, de novo, em mais esse lugar-comum.

Nenhum comentário:

Postar um comentário