terça-feira, agosto 03, 2010

Trem Azul

Mais “umas” de casamento...

O casamento de um amigo meu acabou de terminar. Outro amigo, também, vem entrando nesse processo. Ontem, abro o jornal e leio: “Casamento, de 17 anos, de Edson Celulari e Cláudia Raia (atores de novelas da Rede Globo de televisão) terminou.” Aí ,fico pensando, como é engraçado a vida, né? No mesmo instante em que uns brigam tanto para poderem casar, outros, no andar da locomotiva, fazem o contrário. Tenho vários amigos, casados, descasados, “em casamento”, ex-casados.E cada um está num ciclo, numa fase, numa Estação... Fico acompanhando,como se estivesse diante de um circuito integrado de TVs, mostrando as diversas etapas de seus relacionamentos. Alguns repetindo o erro tentativa pela milésima vez. Casais gays, heterossexuais, todos, sem exceção, todos iguais. Por vias e caminhos diferentes, em diferentes vagões, em tempos de duração diferentes, mas passando pelas mesmas, mesmíssimas “Estações” que, por um mesmo e único trilho de trem, acaba por “descarrilar”, na maioria das vezes, antes do final da linha...

Isso só reforça, uma vez mais, as minhas crenças e convicções. Teorias, quem sabe. Do que vejo, acompanho, ouço falar, fico sabendo. Há mais de 20 anos. E é tudo igual, sempre. Como começa, como se desenvolve, como termina. Um trem azul, desgovernado. Alguns vagões, que ficaram abandonados em algumas estações, fazem-me recordar , também, da minha viagem-igual-inaugural-terminal-.Permito-me compartilhar uns pensamentos, recorrentes, que espalharam-se pelos trilhos sem fim. Convenci-me, após tamanhas reflexões, de que o único “modelo de casamento” (feliz?) que “pode” dar certo, que “talvez possa” ser considerado um exemplo da tanta harmonia? (Que insistentemente buscam os cônjuges, os pares de ambas orientações) seja aquele entre casais homossexuais femininas. Pelo que eu sei, ouço, vejo e fico sabendo, pude enumerar, e corrijam-me se estiver errado!!!, algumas observações sobre as mulheres que amam outras mulheres:

Elas são mais sinceras, verdadeiras, fieis, leais, intensas, companheiras, honestas, amigas, mais respeitosas, menos fúteis, inconstantes, superficiais, manipuladoras, menos , muito menos promíscuas, “baladeiras“, sem caráter, mentirosas, invejosas, malvadas, “futriqueiras”...Enfim, uma natureza diversa, muito diversa, do nosso amigo homem, hetero ou não, principalmente quando numa relação conjugal ( monogâmica e fechada!). E não vai aqui nenhuma crítica ou qualquer julgamento de valor. Apenas uma simples constatação da real diversidade entre os dois seres, entre os comportamentos apresentados (com raríssimas exceções, óbvio), entre o “modus vivendi”, desse ser que extrapola, irrita, decepciona, enfurece, enlouquece , entristece, mas ...que também encanta e alucina.

O que se conclui, por mais resistência que esteja querendo se opor, por menos agradável que possa parecer, que o “casamento” heterossexual e o homossexual masculino está fadado ao fracasso. Não me atreveria a dizer que ele já nasce morto, porque acredito nas boas intenções e nos sentimentos humanos verdadeiros ( e esperançosos) daqueles que assim os têm, meus conhecidos, alguns amigos e parentes afins. Mas que esse nascimento já vem com poucos anos de vida, isso é inegável, ainda mais nesses nossos tempos de agora.

E seguindo no trem azul, confrontamo-nos , na entrada de um grande túnel, com a natureza, eterna, desse homem primitivo,o ser masculino, insaciável, caçador, insatisfeito, inconstante, inquieto, destrutivo, desejoso de poder e dominação sobre todos os outros. Aquele que quer o novo, o mais novo, o diferente, o desconhecido,o desnecessário. O que quer o maior número de unidades, de qualquer coisa, só para ele, saciar o desejo instantâneo e trivial desse sempre querer “mais e mais e mais e mais”. Só o que muda, agora, é que vivemos na civilização e a coisa ficou mais complexa. Mas o bicho (homem) ainda é o mesmo. Lamento, caríssimos, mas um “casamento”, uma relação conjugal ou o que quer que se assemelhe a isso, fechado, monogâmico, restrito, castrador (sufocante?), repito, em que houver um homem (ouso dizer!) jamais poderá dar certo...pelo menos nesse modelo que vem sendo, há milênios, reproduzido, contratado, idolatrado,tentado, sustentado, copiado, idealizado, incentivado, reivindicado...(adoro multiplicidade de adjetivos!).

 
Gente fina é outra coisa, né. Uma nota para a imprensa, um simples comunicado em alto nível. Sem escândalos, gritarias, processos, participações em programas populares de Tv, sem tiro, sem tesourada ou esquartejamento, sem DNA...Até as separações podem ser modelos que podemos desejar e sonhar...até as separações...olha aí!

Seguimos no Trem Azul.



5 comentários:

  1. Raquel5:47 AM

    Leio sempre e gosto muito da maneira que tu escreve. Estive vendo outra vez o tour de Poa. Prometo que vou fazer uma cópia e te mando. Besos!!!

    ResponderExcluir
  2. Pois é...
    Mas, alguns de nós, apesar de saber da impossibilidade de um relacionamento perfeito, continuamos buscando, e buscando, e buscando...
    Às vezes, a pieguice e o romantismo transcendem à razão!
    Super beijo, sempre adoro o que tu escreve!!

    ResponderExcluir
  3. Obrigado amigos!Roger,também curto te ler!Raqui, espero o vídeo!Bjos!

    ResponderExcluir
  4. Muito bom o teu pensamento João, gostei muito. Relacionamentos sempre acabam se tornando maçantes, cansativos e até torturantes, digo por experiência própria. Porém, é da natureza humana procurar o seu ''par'', mesmo que fique em nossa coleção muitas tentativas frustradas. Não se pode querer viver sozinho, mas hoje digo que opto pelas amizades ou priorizo elas. Depois de ler sua opinião, estou pensando seriamente em virar lésbica (risos). Abraço!

    ResponderExcluir
  5. Que bom que pudessemos virar o que quisséssemos...Mas faz parte, com certeza, superar certas coisas...
    Bjo!

    ResponderExcluir